quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sotaque

Uma das principais orientações que recebemos na pré-produção do Viral foi para atenuar o sotaque da nossa região na hora da interpretação. Durante a gravação, deixou de ser nossa preocupação, por vários fatores. E agora, durante a exibição, tem sido motivo de reclamação e críticas de muitas pessoas. Neste post nós vamos explicar o nosso ponto de vista sobre o assunto, enquanto produtores.

Há mais de 50 anos, desde a popularização da TV e do cinema no Brasil, temos sofrido com a invasão de produtos audiovisuais do exterior, em detrimento dos produzidos por aqui. Esses filmes, seriados, desenhados animados, e etc, na maioria vindos dos Estados Unidos, são dublados por estúdios em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os produtos nacionais, filmes e novelas, por exemplo, também são na maioria desenvolvidos no eixo Rio-São Paulo. Essa produção massiva de produtos da indústria do entretenimento criou um padrão de "sotaque brasileiro", que impede a divulgação e a aceitação de sotaques de outros lugares do país.

Tanto é, que as críticas estão vindo de pessoas da região, dizendo que o sotaque na intepretação do Viral está "colono". Acontece que nós acreditamos na valorização do regionalismo. Nós acreditamos ainda no fortalecimento do multi-culturalismo. Não gostamos da ideia de que apenas uma cultura tenha de se sobressair, esse etnocentrismo faz mal para a população, que não é uma mera "massa". E é justamente por isso, que apostamos em produções regionais, com a preservação de suas identidades.

Sabemos que a língua é objeto de dominação e não estamos interessados a se integrar a um movimento modelador da sociedade, estamos sim compromissados com o desenvolvimento do audiovisual nesta região, na qual nos situamos. A produção do Viral é de Chapecó, Santa Catarina, e alguns dos atores moravam ou moram em cidades do interior. Com muito orgulho!

Um comentário:

  1. Um grande problema para a produção de audiovisual na região é a falta de patrocínio... acaba então que para conseguir atores, temos que recorrer ao vizinho, aos colegas de aula, etc.... aí perdemos muito na interpretação. Por mais que os "atores"se esforçem, não fica natural.
    O sotaque é da região e como me disse uma vez Profesora Joceli: -Nós que somos de fora é que devemos nos adaptar com os costumes e com o sotaque daqui. Nós devemos respeita-los e aceita-los, não o contrário. A produção é local, então deve ter as características locais...
    Não é isso que a Banda Repolho faz sempre??
    Muito legal o trabalho, parabéns!!

    Wil

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